Transtorno Bipolar:
quando o humor oscila além do normal
O Transtorno Bipolar é um transtorno do humor marcado por episódios de depressão e episódios de mania ou hipomania.
O DSM-5-TR descreve esses episódios como alterações intensas e persistentes no nível de energia, humor e comportamento, muito além das variações comuns do dia a dia.
É um quadro tratável e que costuma ter excelente evolução com acompanhamento adequado.

O que é um episódio de mania?
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A mania é um estado de humor anormalmente elevado, expansivo ou irritável, que dura pelo menos uma semana (ou menos, se for grave a ponto de exigir internação).
Segundo o DSM-5-TR, os sintomas mais comuns incluem:
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Energia exagerada
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Aumento da autoconfiança ou sensação de “capacidade ilimitada”
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Redução da necessidade de sono
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Fala acelerada
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Pensamentos rápidos demais (“mente a mil”)
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Agitação psicomotora
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Impulsividade: gastos excessivos, decisões arriscadas, comportamentos imprudentes
Na mania, o comportamento costuma sair do controle e gerar prejuízo claro, no trabalho, na vida financeira, nos relacionamentos.
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E o que é hipomania?
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A hipomania parece a mania, mas é mais leve e dura pelo menos quatro dias.
A pessoa fica mais acelerada, mais produtiva, mais sociável, mas ainda sem os prejuízos graves da mania.
Muita gente acha que é só “uma fase boa”, mas faz parte do ciclo bipolar.
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Episódios depressivos
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Do outro lado do ciclo, a pessoa pode entrar em um episódio depressivo, com sintomas como:
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Humor triste ou vazio
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Perda de interesse nas atividades
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Cansaço intenso
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Sono alterado
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Apetite alterado
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Culpa, desesperança
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Dificuldade de concentração
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Pensamentos de morte
Esses episódios duram semanas e afetam profundamente o funcionamento.
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Tipos de Transtorno Bipolar (DSM-5-TR)
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Transtorno Bipolar I: pelo menos um episódio de mania (com ou sem depressão).
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Transtorno Bipolar II: episódios de hipomania e depressão, sem mania.
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Ciclotimia: oscilações crônicas de humor, mais leves, por pelo menos 2 anos.
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Por que o transtorno bipolar acontece?
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É um transtorno multifatorial:
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forte componente genético
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alterações nos sistemas de neurotransmissores
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sensibilidade ao estresse
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padrão de ciclos sono–vigília desregulado
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gatilhos como privação de sono, uso de substâncias e sobrecarga emocional
Não é “temperamento difícil”, nem falta de controle. É uma condição neurobiológica.
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Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e exige avaliação cuidadosa, porque o bipolar muitas vezes chega ao consultório com queixas depressivas e não percebe os episódios de mania/hipomania.
O médico considera:
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histórico de episódios
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intensidade e duração dos sintomas
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impacto funcional
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gatilhos
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exclusão de causas médicas ou indução por substâncias
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Tratamento
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O tratamento é extremamente eficaz quando feito da forma correta e contínua.
Inclui:
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Estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, anticonvulsivantes)
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Antipsicóticos, quando necessário
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Psicoterapia, especialmente psicoeducação, TCC e manejo de rotina
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Regulação de sono — peça-chave
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Controle de gatilhos, redução de estresse (e evitar estimulantes)
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Acompanhamento regular, mesmo quando tudo está bem
O objetivo é estabilizar o humor, prevenir novos episódios e manter a pessoa funcional e estável.
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Quando procurar ajuda
Se você nota oscilações intensas de humor, períodos de energia exagerada alternando com quedas profundas, impulsividade, irritabilidade marcada ou crises de comportamento, é hora de buscar avaliação.